quarta-feira, 27 de junho de 2007

PERCURSO DO GERÊS

“Pediram-me para fazer o relatório da caminhada. Não sei muito bem o que escrever: o que cada um percepcionou depende de muitas variáveis, como os objectivos, o estado de espírito, quem conhecia, … enfim, depende de cada um, e é diferente para cada um. Poder-se-á argumentar que, objectivamente, fizemos o mesmo percurso; todavia, nem toda a gente viu e ouviu o mesmo, nem sentiu o mesmo.
Assim, escreverei a minha experiência e o que me vem ao pensamento, num registo mais pessoal…





Após uma viagem de autocarro um pouco longa e atribulada, a caminhada lá começou, atrasada uma hora, e foi logo a abrir durante mais de 2 horas, sempre a subir.

O tempo ajudou, sombrio, algo frio e com algum vento, o que permitiu um bom ritmo e aguentar o esforço. Nalgumas abertas do céu, o Gerês deu mostra do que seria fazer este percurso em tempo bom, com sol, temperatura elevada e com humidade…
A vegetação era luxuriante, com os medronheiros a proporcionar uma floresta de emaranhados, de singular efeito, em todas as direcções.
Ao chegar ao planalto a vegetação transfigura-se: de uma natureza luxuriante passamos a uma natureza pobre, num terreno rochoso, agreste, maioritariamente povoado pela erva rasteira e a urze, mas não necessariamente menos bonita. Apenas diferente… que clama à introspecção, à reflexão.
No percurso, encontramos algumas fontes de água. Num tempo em que a água é um bem precioso para as populações, e em que ela é explorada, canalizada e transportada, é sempre refrescante para o espírito ver um curso de água livre, disponível para todos, pessoas, plantas e animais, propriedade de ninguém e bem de todos.
Chegados a um planalto, uma paragem para recuperar forças. O céu encoberto fazia sentir algum frio, mas dava uma certa mística à paisagem, com a bruma a achegar os picos rochosos.
E com a oportunidade de ver uma edificação singular… e de tirar fotos de grupo, com os amigos, com conhecidos e “recém-conhecidos”… para mais tarde recordar…
...e também para incorporar mentalmente todas as paisagens, cores, sons e cheiros até então percepcionadas.
Eu venho às caminhadas pelo exercício (combate ao sedentarismo), pelo contacto com a natureza e para rever pessoas que conheço, e conhecer novas pessoas.
O olhar deambula pelas cores, pelos contrastes, pelas perspectivas, pelas formas, pelas sombras e pelos recortes. O olfacto fixa-se no cheiro da terra, das flores e das árvores. A audição fixa-se nos cursos de água, nos pássaros, nas graçolas, nos passos (na cadência e no resvalar dos pés), no vento, no silêncio. O tacto na rudeza da madeira, na dureza das folhas, e a pele ressente-se das rajadas de vento, do calor quando este pára, e da humidade sempre presente, características deste microclima do Gerês.
Sempre considerei o contacto com a natureza retemperador de forças e de espírito, talvez como um aprofundar de uma relação com a Mãe-Natureza, de onde como espécie humana surgimos, e que muitas vezes esquecemos.
Após a pausa, retomamos o nosso caminho, por uma paisagem retalhada entre rochas e manchas verdejantes.
A caminhada é um “exercício” interessante. Sai-se e volta-se exactamente para o mesmo local; apenas o tempo passou, e espera-se que o corpo tenha se exercitado, a mente clareado, e que os sentidos relaxado e apreciado novas experiências (neste caso, especialmente a vista).
É interessante como o grupo se alonga nas subidas, e se concentra nas descidas; cada um vai com o seu ritmo. Ninguém fica para trás, englobados no companheirismo, e não existe pressa em ir para lado nenhum.
Depois de mais 1 hora, chegamos ao ponto mais alto desta caminhada, Pedra Bela e o miradouro. A bruma não deixou apreciar a paisagem em todo o seu esplendor.
Aproveitamos o parque de merendas para o almoço, e estabelecer contactos e conversas que a caminhada, com o seu requisito de esforço e atenção, não nos deixa.
Depois da pausa, retomamos o nosso caminho, sempre a descer, até o nosso ponto de partida, ladeando e cortando a estrada, não antes passando brevemente pelo topo da vila de Gerês.
Ao fim de 6 horas, voltamos para casa, cansados mas retemperados (efeito da libertação de endorfinas, que contribuem para uma sensação de bem-estar físico e psíquico).
A organização foi, mais uma vez, impecável, e ficamos a aguardar ansiosamente a próxima caminhada!
Leio posteriormente a ultima crónica de Gonçalo Cadilhe (repórter de viagem do semanário Expresso), que refere que já não existem destinos novos para turistas, que tudo já foi explorado pelo menos uma vez. Será verdade, exceptuando o espaço e o fundo do mar.
Mas pessoalmente duvido que a Terra, com os seus 510 milhões de km² de área total (149 milhões de terra firme, 361 milhões de água), não consiga sempre proporcionar a quem quiser ver cenários sempre renovados.
Para além da sua dimensão, este mundo que vivemos está em constante mutação: a natureza regenera-se, quer evolutivamente, quer pelas estações por exemplo; o homem é também em si um elemento interessante e passível de contemplação, com as suas culturas, as suas obras, intervenções e feitos. E quanto mais não seja, cada pessoa, num determinado instante da sua vida, vê o mundo sempre com olhos diferentes… Se calhar, fazer turismo é como viver; o que interessa é a viagem e não o destino. Quer seja uma complexa volta ao mundo, quer seja uma simples caminhada pelo Gerês.”

Caminhante devidamente identificado

quinta-feira, 7 de junho de 2007

PERCURSO DA PEDRA ALÇADA

No passado dia 3 de Junho realizou-se o reconhecimento do percurso que vamos percorrer no dia 16.

Trata-se de um percurso de pequena rota de aproximadamente 11Km não sinalizado (ao contrário do que diz o folheto da Valimar) que se considera de relativa facilidade, com um sector em que se aconselha a levar calças. Motivo este que surge pela falta de manutenção e limpeza do trilho.Vamos começar da tipica aldeia serrana de Arga de São João que se encontra a uma cota intermédia entre os pontos mais alto e o mais baixo deste

trilho. Começamos junto à Igreja por um caminho de terra batida que nos surge à nossa esquerda, serpenteando por entre a vegetação até atingirmos uma casa da Guarda Florestal que se encontra em ruinas.

Chegados a esse ponto seguimos por uma caminho de lajedos de granito que nos conduz pelas encostas do Alto das Penas e Alto da Coroa. A certo ponto fazemos um desvio desse caminho e seguimos em direcção a poente por um atalho que nos conduz a uma pequena Chã e com alguma sorte podemos observar os Garranos a pastar livremente.
Passados alguns metros interceptamos um estradão de terra batida que nos conduz a um dos pontos de maior cota deste percuso, onde se encontra um posto de vigia. Deste local podemos observar uma paisagem magnifica, em que se podem enquadrar diversas localidades tais como Viana do Castelo, Vila Praia de Âncora, Caminha e os nossos vizinhos da Galiza.

Voltamos atrás pelo mesmo estradão em direcção à Chã do Guindeiro.







Chegados à Chã do Guindeio viramos à esquerda e partilhamos o Trilho ao longo do regato da Fisga que conduz os romeiros que vêm de São Lourenço da Montaria até ao nosso local de almoço.


Chegados ao Mosteiro de São João de Arga podemos almoçar e aproveitar para apreciar esta contrução do Século VII.



Aconselha-se um almoço leve, que pelas melhores razões se explica mais adiante. Continuamos o caminho por um trilho que nos surje à esquerda e que nos acompanha junto ao ribeiro de São João em direcção a um estradão florestal que liga as freguesias de Arga de São João e Arga de Baixo.
Chegádos a esse estradão e após algum sofrimento (nas pernas = calças) deparamo-nos com um local paradisíaco onde nos podemos refrescar (=almoço leve) e retemperar forças para a subida que nos leva de volta à aldeia de Arga de São João.



















Seguimos à nossa esquerda e continuamos pelo estradão florestal apreciando a paisagem que se abate sobre a bacia do Rio Coura passando por lindos prados até ao final da nossa actividade.





A nossa Historia

A minha foto
Antas - Esposende., Portugal
***Rio Neiva – associação de defesa do ambiente*** -Departamento de Pedestrianismo- O departamento deu os primeiros passos num encontro de vontades. Vontade de fazer algo diferente, vontade de ter um grupo para caminhar e conhecer mais de perto a natureza, vontade de partilhar experiências, vontade de ir… perto ou longe, mas simplesmente caminhar e conhecer de uma forma saudável e activa, sem compromissos que não sejam de exclusividade com a preservação da natureza e com o respeito pelas gentes e costumes. Um pequeno grupo foi lançando o repto a quem lhe estava próximo e devagarinho, pé ante pé, a vontade tornou-se uma realidade incontornável: Havia muita gente com vontade de fazer das caminhadas o seu desporto. A existência de uma associação de defesa do ambiente, a Rio Neiva, na freguesia de Antas, concelho de Esposende, local de residência ou naturalidade dos membros do grupo, logo criou um ponto de partida para uma organização e nasceu o departamento de pedestrianismo da Rio Neiva – associação de defesa do ambiente.